Isabel dos Santos acusa as autoridades angolanas e portuguesas de terem utilizado um passaporte falso seu, com a assinatura de Bruce Lee entre outras falsificações, para avançar com o arresto dos seus bens nos dois países.
Em comunicado, Isabel dos Santos diz que a Procuradoria-Geral de Angola usou como prova um “passaporte grosseiramente falsificado como supostamente pertencente” à empresária para que o tribunal decretasse em dezembro o arresto preventivo de bens e empresas, isto no âmbito de uma disputa de 1,1 mil milhões de euros reclamados pelo Estado Angolano.
A empresária angolana alega que são vários os sinais de falsificação e que é “pouco credível que o Estado angolano não pudesse distinguir um passaporte falso de um documento verdadeiro por si emitido”. Nomeadamente que não tivesse detetado a “maior aberração” de o passaporte ter a “assinatura do falecido mestre de kung-fu e ator de cinema Bruce Lee”. Mas há mais sinais: a foto do passaporte foi tirada da internet, a data de nascimento está incorreta, apresenta várias palavras em inglês (“businesswoman” e “married”) quando a língua oficial de Angola é português, por exemplo.
“Negócio do Japão”
Isabel dos Santos conta que este passaporte forjado estava a ser usado por um golpista na internet sobre um suposto “negócio do Japão” e no qual se fazia passar por um fictício empresário do Médio Oriente, atuando em nome da empresária. Para executar a burla, o golpista usou um passaporte falso de Isabel dos Santos como fachada, “engendrando um negócio fraudulento, sendo que pretendia burlar uma pequena empresa no Japão”.
Porém, tanto o passaporte falso como os emails foram usados como prova em tribunal para demonstrar que Isabel dos Santos pretendia ilegalmente exportar capitais para o Japão e sustentar o pedido de arresto.
“A Procuradoria angolana criou perante o tribunal uma falsa aparência de que a cidadã Isabel dos Santos se preparava para levar dinheiro para o Japão e desejava dissipar e esconder o seu património, e era urgente apoderar-se destes bens”, acusa a defesa da filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos.
Isabel dos Santos defende-se dizendo que “nunca conheceu e nem contactou as partes envolvidas neste esquema fraudulento e não tinha conhecimento da falsa proposta”. “A transação descrita nos e-mails é tecnicamente impossível, em tudo semelhante a uma típica burla de internet”, explica ainda em comunicado.
Portugal cooperou
Foi com base nestas falsificações que as autoridades judiciais angolanas solicitaram a outros países, designadamente Portugal, o arresto de bens. “A Justiça portuguesa decidiu cooperar com Angola, (…) e assim tem executado vários arrestos em Portugal com base em pedidos judiciais tomados e assentes em documentos forjados e falsos”, acusa Isabel dos Santos.
As autoridades procederam, em dezembro, ao arresto de várias empresas de Isabel dos Santos, nomeadamente Unitel, Banco BFA, Banco BIC, Hipermercados Candando, Cimangola, ZAP Media e todas as contas bancárias de Isabel dos Santos.
Em Portugal também foram arrestados vários bens e contas bancárias de Isabel dos Santos: Efacec, EuroBic, Zopt (detentora da Nos), entre outros bens.
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